quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Sobre o ENEM de 2015.

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O ENEM de 2015 mostrou que é possível extrapolar em nível educacional brasileiro (pouco mais que 7 milhões e meio de candidatos realizaram a prova) um assunto mais que urgente para o cotidiano brasileiro: a violência contra as mulheres.
Para além do feminismo, é preciso lembrar que a educação brasileira, com acesso a temas de profundidade acadêmica, com debates exaustivos e autores/escritores renomados das ciências humanas, é, ainda, majoritariamente e quase que exclusivamente elitista. Ainda bem que .
Para além do feminismo, a prova também conteve outras questões do cotidiano coletivo e popular, que são igualmente rechaçadas, discriminadas e criminalizadas pelas elites conservadoras.
Assim, o que que vimos acontecer nesse final de semana pode nos servir como um termômetro, e como um incentivo para avançarmos mais e mais no caminho de uma revolução educacional no país.
Eu estou morrendo de vontade de retornar às salas de aula como professora. Essa experiência em minha vida foi curta, mas me mostrou o poder transformador de um processo educacional de qualidade... Não falo pelas instituições, falo pelos profissionais com quem eu convivi e pela profissional que eu me esforcei para ser. Quando me refiro à , estou falando à superação do nível do debate em um ambiente extremamente hostil, com alunos (crianças e adultos) que levam às vezes três ou quatro horas para chegarem ali, nessa mesma sala de aula.
Eu estou realmente feliz, mas é apenas um raio de luz no meio de um mundo obscurecido pela opressão e pela exclusão dos mais pobres.
Lembro-me sempre de vários debates e conversas com amigos em relação ao trabalho de base. E é esse o ponto: trabalho de base...
Espero que no ENEM de 2016 o resultado possa ser ainda mais positivo, que as salas de aula sejam refletidas tanto na formulação de questões que não são "de esquerda", mas de urgente discussão no país, e no desempenho de alunos (adolescentes, adultos e idosos), que batalharam, como toda a classe trabalhadora e pobre batalha cotidianamente.
Em tempos de escolas
sendo fechadas no estado mais rico do país, de salas de aulas tomadas pela violência e pela falta de respeito mutuo na convivência, de currículos cada vez mais conservadores, de cronogramas inexequíveis e atividades sem qualquer justificativa pedagógica ou didática que servem somente para cumprir metas e mais metas absurdas, eu comemoro o acontecido no último fim de semana.

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