quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Carinho de vó.

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Vó, carinho de vó. Ela sempre cuidou de mim como a netinha-filha dela. Me ensinou a cozinhar, a costurar, a fazer crochê. Me ensinou a tirar as manchas que ficam debaixo da manga da blusa. Me ensinou a cuidar da casa... Minha maior alegria do ano era quando chegavam as férias e nós pegávamos o carro para cairmos na estrada. Íamos para lá. A pamonhada era a mais esperada, e sempre tinha que ter o milho refogado - minha comida predileta. No almoço, era a galinhada. Mas o que reunia todos os parentes mesmo eram os aniversários e a festa da pamonha. E haja pamonha. Sempre eu deitava no colo dela à noite no sofá. Quando eu era "mais pequena", como ela dizia, eu dormia no meio dela e do meu avô. Eu era o xodó dela. E ela o meu. Mas o Alzheimer, esse alemão cruel, fez com que ela se esquecesse de mim. Quer dizer, não em seu coração... Porque sempre quando ela me reencontrava, falava o mesmo "ôôô fia....", de quando eu era "mais pequena". Eu adorava ouvir aquela voz baixinha contando histórias da vida dela, dos irmãos, dos seus pais, das suas dezenas de sobrinhos. A "tia" Dina era muito amada, muito. Por todos!!! Ah, eu também não posso deixar de me lembrar das caminhadas de fim de tarde na praça... Puxa vida... Os primeiros dois meses da minha vida foram na casa dela, com ela cuidando de mim e ajudando a minha mãezinha, de primeira viagem... Quando eu nasci, minha mãe tinha a mesma idade que tenho hoje... E foi essa avó que nos acolheu em sua casa... Depois da minha mãe, ela é a minha segunda referência materna... Ela é. Ela pode ter se esquecido de mim, mas nunca irei me esquecer dela. Vó, perdão por ter ficado tão longe por tanto tempo.... Eu desejo no meu coração que a senhora descanse, e que encontre no universo o caminho do retorno. Eu desejo no meu coração que a senhora nunca fique longe da gente. Eu te amo!

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