terça-feira, 18 de março de 2014

Não vês?

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Por que te espero?
Sei que não vens.
Sei que já dirá
Que não é mais assim.
Então
Por que espero-te, meu amor?
Se eu pudesse,
Diria-te que te quero
Tanto quanto
Meus pulmões querem o ar
Quanto minha pele quer a água
Quanto minha alma quer vida.
Quero-te.
Mas não vens.
Não vês?
Não.
Não vens.
Então, por que?

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domingo, 16 de março de 2014

Viva em mim.

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Somente para raros
Rara não sou
Devo ser
Mas estou
Ao ponto de me entorpecer
De vida
Da vida que me restou
E da que me falta
Que tanto me cabe
E mais que por, enfim,
Aqui (des)aparece.
Não, não vá embora.
Por favor, fique.
Viva em mim
Viva aqui.

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Tento.

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Estamos tontos
Não vemos o que respiramos
Nem o que sentimos
Me disseram ontem
Que o que pára a onda
É a areia
O que é a minha areia?
O que pára a minha onda?
Estamos cegos
Ausentes de sensações
E eu, o que cabe a mim?
Não posso querer crer
Não posso crer
Em mais uma molécula
Em mais nada
Se é amor
Se é só o vento
Se é minha areia
Ou as sombras da caverna
Não posso mais
E vou, para bem longe
Voltar para mim.

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quarta-feira, 12 de março de 2014

Chove, chave, cheiro.

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não sei dizer como me sinto. chove, mas há dias minha mente quer gritar. a chuva me acalenta, me acalma. mas, por dentro, tudo me corroi. vês? não passo de algumas palavras soltas, um pequeno período. talvez daqui a pouco. mas, sinto-me enfurecida por saber que  lá fora o mundo existe, e aqui dentro ele apenas morre. morre de quê? morre como? morre, por quê? não, não quero achar as respostas, ou melhor, não quero me deparar com as soluções. apenas quero explodir, e acalmar. quero acalmar como uma gota de orvalho. mas, a gota de orvalho seca, e a vida morre.

sinto dores em cada ponto da minha existência. por que as sinto tanto? como é possível sentir tanto, e nada ser real? como é possível tanta intensidade em uma existência, mas ao mesmo tempo não se viver nada, absolutamente nada? meu medo me corroi. meu medo me traz angústia. ao mesmo tempo, sinto uma vontade terrível de viver, de viver tão intensamente que nem mesmo uma galáxia supriria tanta ânsia de vida.

somente sofro, nesse instante em que imagino que a vida pode ser tão, tão intensa, mas apenas se concentra aqui, aqui dentro. ela quer sair. e eu perdi, perdi o que queria buscar. as luzes piscam, os olhos fogem, os cheiros são inóspitos, mas seres transitam por todos os lados o tempo todo. não, não penso em sumir. quero a todo momento a luz. estes seres estão também sedentos de vida, mas esqueceram-se porque se afundaram em suas vidas miseráveis. e mesmo assim, vivem. como conseguem? se a vida é tão triste a eles, porque a vida não é deles. então, como conseguem? são felizes. e eu? por que não? que me falta? sei, não posso querer me sentir superior a estes seres, mas, que me falta? por que não?

penso que quero amar. meu amor, minha vontade do amor. ela é tão imensa, tão infinita, que não consegue ser em dois. durante tanto tempo esse amor se quis ser, que até minha forma deformou. não sei mais o que é. mas está dentro de mim.

não, não posso dizer tanto. tanto que me sinto culpada. simplesmente por achar que não devo fazer o que sinto vontade de fazer. sinto-me incapaz. e então sei que o que me tanto corroi é a vontade absoluta de amar, uma vontade tão infinita, que não se encontra com nada. é o amor que existe numa dimensão que somente aquele que encontrar a chave poderá consumi-lo. e há em mim um desejo tão forte, tão formidável, de que esse prêmio, a chave, seja entregue a esse que simplesmente ame. sem medo.

por isso eu penso poder dizer-lhe, dizer que, apenas, venha. mesmo sabendo que talvez. ou mesmo querendo crer que virá, e sonhando. não vou enlouquecer, mas é amargo o gosto que sinto em minha saliva, que saliva com ânsia, com ansiedade de amor.

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sexta-feira, 7 de março de 2014

Tanto.

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é tanta
coisa
que
nem
causo
sei
que se
conta
mais.
é tanta
coisa
que
nem
mais
sei.

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Só mente em mim.

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talvez só seja uma nuvem
que se desfaz quando acordo
quando estava sonhando
que te beijava.
se não é, então pra que talvez seja?
então acordo; e sonho.
chega?
quem sabe?
se o que quero só é ali
dentro do meu sonho
dentro de uma nuvem
no pote de ouro do pé do arco-íris.
por quê?
porque não existe.
somente em mim.

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