quinta-feira, 25 de março de 2010

Um pouco de Clarice...

Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas.

Clarice Lispector

sábado, 13 de março de 2010

O Ipê que virou poste,

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O Poste que virou árvore
Escrito por Confúcio Moura
Seg, 01 de Fevereiro de 2010 00:10


Minha cabeça está pegando fogo. Mas, também, com toda razão. É muita coisa que se vê e que não se consegue explicar. Nem gosto de ler muita coisa de filosofia.

Aí recaio mesmo ao fundo do poço. A cabeça sai fumaça. Explicar as razões da vida. A beleza como a expressão da verdade. A velhice, a harmonia, o amor, sorte, acontecimentos.

Por tudo isto que muitas vezes creio que a ignorância é oitavo sacramento. Por não existir o oitavo sacramento a ignorância deve ser boa, justamente, para não se esquentar a cabeça com explicações filosóficas e nem com os eventos chocantes. E a vida paira como ela é. Aí sim, vive-se em estado de natureza.

Quem liga computador de vez em quando, deve ter recebido uma mensagem viral chocante – um poste de luz que virou um pé de ipê florido. A imagem é chocante, quem a viu ficou mais ou menos aloprado por alguns segundos, só de imaginar o crime imperfeito – o de cortar o topo de um ipê adulto, ornamentando a rua e transformá-lo num mortificado poste.

O poste ressuscitado em Porto Velho correu o mundo. Veio a mim, pela primeira vez, de uma amiga que mora em Portugal. Nem imagino como deve ter varrido os céus e a terra pelas nuvens de iluminação da Internet. E Porto Velho com isso teve um glamour de uma cidade milagrosa. Quem sabe este poste florido não vire romaria de fé tal o milagre do seu renascimento?

O milagre aconteceu. A cidade encheu-se de glórias inesperadas, nem de longe nas promessas de campanhas, nem o Presidente, Governador ou Prefeito abordaram em 2004 o tema das usinas do Madeira, nem água e esgoto para todos, nem viadutos, habitações populares e tantas outras atividades empresarias tão sólidas.

As flores do ipê renascido moveram as montanhas das insensibilidades políticas de Brasília, para enxergarem mais longe, nas águas do Rio Madeira, o maná da energia elétrica de suas águas. O ipê moveu a montanha. Quem sabe que por indução, o fio de cobre, no corpo da árvore, produziu uma nova crença vegetal, forte demais capaz de expressar as vozes de todo o Estado. A flor do ipê foi também um grito.

Um brado retumbante na forma da flor amarela. A flor que virou voz.

A cidade continuaria a mesma. Aquela empurrada pelo seu vertiginoso crescimento natural e torta sumiria de vistas nas improvisações de bairros novos. Aflitos engoliriam seus gritos pela força do silêncio providencial.

E nada aconteceria se não fosse o milagre do poste de luz. Até as Caixas d'Águas ficaram na ansiosa expectação da perda das suas coroas de símbolo mágico da cidade de Porto Velho.

Fiquei remoendo este acontecimento fenomenal com imensa desconfiança. Como se sabe, hoje em dia, o computador também faz milagre a cada minuto. Como se fosse um ilusionista perfeito.

Os hackers invadem bancos, ganham senhas, entram no Pentágono, descobrem segredos de Estado, criam cenários, modificam outros. Apagam memórias. Acendem outras. Bem que o ipê poderia ser ilusão gráfica de computador. Uma montagem.

Não é o que aconteceu com o poste florido. Este ficou exposto na estação de suas flores para calar quaisquer suspeitas. O que quis dizer esta árvore ao seu algoz? Aquele que a decepou copa e galhos sem o menor remorso? E a deixou tombada como se morta estivesse?

E se foi, aparentemente transmutando a sua utilidade de viver para uma função secundária de um mero suporte de fios de cobre. Só sei dizer que a carga de energia era muito grande, a energia da vida, que as veias abertas fecharam-se de novo.

O movimento de sobe e desce da seiva rica persistiu. A ordem forte das raízes para suportar o peso da tragédia. O reordenamento e o aprendizado da casca para realizar fotossíntese. A reconexão dos eixos neurais da planta. O reaprendizado natural que o infortúnio ensina.

A fisioterapia da suave reabilitação. A redução do gasto de energia com a respiração. A árvore hibernou por algum tempo com sabedoria imensa. Tal qual o homem escravizado, submete-se ao duro trabalho, a nova ordem e as humilhações, sem jamais submeter-se completamente.

Com o ipê foi do mesmo jeito. Acomodou-se espertamente pra depois expressar com força máxima a sua arte.

E milagrosamente, com humilde bondade, deu flores ao homem. Com uma mensagem filosófica vasta e profunda, ou mesmo religiosamente cristã – a de dar a face direita a quem a esquerda esbofeteou.

Outra ainda – flores amarelas ao mundo. Ou quem sabe, o mesmo que registra a Bíblia – a vara de Arão que floresceu.

 
Disponível em: http://www.gazetaderondonia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=166:confucio-moura-o-poste-que-virou-arvore&catid=19:geral-colunistas
 
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DIZEM

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minha cabeça não pensa direito
agora.
mil vontades
e tudo em branco.
há um tempão
queria um yakisoba.
é dia internacional da mulher
[dizem].
hoje, em um ambiente
com uma música agradável
e com cara de poucos amigos
dei-o a mim de presente
antes do batuque.

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sexta-feira, 12 de março de 2010

Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...

(CoraCoralina)

segunda-feira, 8 de março de 2010

DIA DA MULHER DE TODO DIA

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Recebi por email de um amigo:


"(...) a poesia é feita para quem precisa delas (...)".



Mulheres são tecelãs,
Tecem sonhos com fios de lágrimas...
Mulheres são tecelãs,
Tecem vidas em suas barrigas
Com esperanças e alegrias infantis.
Mulheres são feiticeiras,
Inventam magias e encantamentos.
E atraem e cativam com um simples olhar.
Mulheres são meninas,
Acreditam em príncipes e finais felizes.
Mulheres são guerreiras,
Enfrentam a luta com galhardia.
E não esmorecem mesmo quando cansadas.
Mulheres são sabias.
Trazem em si toda a sabedoria do mundo
ao repartir entre os filhos, o pão, o carinho e o próprio tempo.
Mulheres são especiais.
Mulheres são seres próximos dos Deuses.
Mulheres são mães.
A mais perfeita tradução do mistério da eternidade da alma.
(Rita Licks)




MULHER


Para entender uma mulher
é preciso mais que deitar-se com ela…
Há de se ter mais sonhos e cartas na mesa
que se possa prever nossa vã pretensão…


Para possuir uma mulher
é preciso mais do que fazê-la sentir-se em êxtase
numa cama, em uma seda, com toda viril possibilidade… Há de se conseguir
fazê-la sorrir antes do próximo encontro


Para conhecer uma mulher, mais que em seu orgasmo, tem de ser mais que
amante perfeito…
Há de se ter o jeito certo ao sair, e
fazer da saudade e das lembranças, todo sorriso…


- O potente, o amante, o homem viril, são homens bons… bons homens de
abraços e passos firmes…
bons homens pra se contar histórias… Há, porém, o homem certo, de todo
instante: O de depois!


Para conquistar uma mulher,
mais que ser este amante, há de se querer o amanhã,
e depois do amor um silêncio de cumplicidade…
e mostrar que o que se quis é menor do que o que não se deve perder.


É esperar amanhecer, e nem lembrar do relógio ou café… Há que ser mulher,
por um triz e, então, ser feliz!


Para amar uma mulher, mais que entendê-la,
mais que conhecê-la, mais que possuí-la,
é preciso honrar a obra de Deus, e merecer um sorriso escondido, e também
ser possuído e, ainda assim, também ser viril…


Para amar uma mulher, mais que tentar conquistá-la,
há de ser conquistado… todo tomado e, com um pouco de sorte, também ser
amado!”


Carlos Drumond de Andrade

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sábado, 6 de março de 2010

HOJE DE MANHÃ


Hoje de manhã eu vi a
Morte, ela estava no cruzamento da Teodoro Sampaio com Fradique Coutinho. Naquele momento eu assisti ao encontro da Barbárie com a Pressa.

Hoje de manhã eu vi a pressa, correndo pela Fradique Coutinho no seu carro preto. Queria ultrapassar, queria avançar, mesmo que destruísse tudo que estava a sua frente; mesmo causando a sua própria destruição.

Hoje de manhã eu vi a Humanidade. Caminhava pela Teodoro tranqüila, atravessou a Fradique sem perceber que a Pressa estava chegando.

Hoje de manhã eu vi o Desespero, dentro do lotação, anunciado pelo grito de horror. As mãos dos passageiros que cobriam o rosto. O nervosismo que tomou conta do meu corpo. As minhas pernas, que tremiam. Meu coração acelerado. Da janela observei pessoas que corriam, queriam ajudar. Então, sentada no último banco, mesmo com medo, me levantei.

Hoje de manhã eu vi a Vida, indo embora. Ela se arrastava pelo chão, presente no sangue que manchava o branco da faixa de pedestres. Foi tão rápida! Deixou os seus pertences, celular no chão, a bolsa Louis Vuitton, colares, pulseiras, o dinheiro da carteira.

Hoje de manhã eu vi a Morte, quando aquela moça atravessou na faixa de pedestre e o homem atrasado no seu carro preto ultrapassou o farol vermelho. A pancada derrubou-a, o pescoço pendeu para trás, joelhos dobrados, olhos fechados, alguém falou, Ela morreu.

E, naquele momento, enxerguei a degradação dos valores humanos. Para alguns, a vida vale pouco ou quase nada. Enxerguei naquela moça as pessoas que lutam, sonham e atravessam todos os dias na faixa da Esperança. Mas que a pressa, a cobiça, imediatismo, a irresponsabilidade atropelam todos os dias na Rua do Respeito Pelo Ser humano.

Hoje de manhã eu chorei. Vi a moça morrer.
Enxerguei que dentro dela
tinha um pouco de mim.
Dentro dela tinha um
pouco de nós e
da nossa
Espe
ran
ça.


Mafuane Oliveira
12/09/08

quarta-feira, 3 de março de 2010

O Telefonema


- Alô

- Alô

- Quem tá falando?

- Com que você quer falar?

- Ligaram no meu celular desse número quero saber quem é?

- È Marisa. Não lembro de ter feito nenhuma ligação.

-Você conhece algum Denilson? – a burra responde empolgada:

- Conheço! Ele é o meu professor!

- ...

- Alô! Alô! Porque?

- Ah, tá bom!

- Quem é?

- ...


A ligação cai. Passado dois minutos o celular volta a tocar ela reconhece o número, no mínimo a esposa ciumenta do professor transtornada querendo mais explicações a respeito da mensagem que ela havia mandado na noite anterior. O conteúdo era tosco, uma coisa vaga sobre a beleza da lua e uma saudação sincera desejando boa noite. Típico de quem procura sarna para se coçar. Se soubesse que o traste era casado, talvez tivesse acrescentado na mensagem “ Boa noite para você e sua digníssima esposa”. Mas tem cabimento uma coisa dessas?


Desde que haviam começado as aulas, o sujeito esbanjava gentilezas, mandava mensagens, escrevia e-mails, chamava para sair, dizia que suas mãos eram lindas, todo aquele chaveco furado e troca de olhares que faz a mulherada inflar, e sufocar no próprio ego.


Ela se fazia de boba, mantinha um tom de seriedade, não correspondia. O cara era interessante além de tocar muito bem, era bonito, elegante, simpático, sorriso perfeito. Em contrapartida ela estava curtindo uma dor de cotovelo, e a esperança de reatar um romance que havia terminado, antes de começar. Vivia assim sempre sonhando e desejando o abstrato. Quando o assunto era amor, paixão, flerte, paquera, sua vista ficava ainda mais míope.


Quando parecia finalmente ter aprendido a lição e resolveu aproveitar as oportunidades que a vida oferece, disse para si mesma que venha o que vier! E que venha o professor!


Veio!


Ele, a ligação histérica, o balde de água fria, a raiva, a vergonha, a irritação, o medo de nunca ser feliz, a verdade, a mentira, as dúvidas, a TPM... E toda a puta que pariu!

Que diabos esta acontecendo com o mundo? O que há de errado com os homens? E comigo? Sou para-raio de problemas? Na Era do Descompromisso, como se não bastasse eu ter que pagar pelas minhas escolhas erradas, ilusões, sonhos e expectativas não correspondidas, ainda tenho que pagar pelas escolhas erradas dos outros?

Não sabia o que era pior atender ao telefonema e escutar as especulações e barbaridades da mulher “quase traída” ou fitar o olhar de reprovação de sua mãe que observava a cena e já havia sacado tudo...

Decidiu atender o celular, mais trabalho teria em explicar toda a história para sua mãe e isso seria extremamente constrangedor, pelo menos poderia fingir que não estava escutando e desligar na cara da sujeita. Mas acabou fazendo o contrário atendeu com toda a gentileza.


- Alô!

- Quem é?

- Com quem você quer falar?

- Aqui é a esposa do Denilson! – Ela pensou em dizer: que novidade, suspeitei desde o principio! Mas continuo escutando a voz irritada do outro lado dizer.

- Eu estou te ligando para avisar que ele tem esposa, viu?


Por um segundo ela quis responder:


- Escuta aqui minha filha, se ele é seu marido, problema seu! E que problema! Porque ele não parece ser casado, viiuuu? Tenho umas mensagens dele aqui no meu celular, e tenho uns e-mails dele me chamando para sair. Se você quiser eu te mostro! Vê se cria vergonha na sua cara e resolva as coisas com seu marido! Você que tem compromisso com ele, não eu! Não vem falar merda pra mim! Você já imaginou a quantidade de mulheres que você vai ter que ligar para avisar que ele é casado? Melhor conversar com ele e parar de encher meu saco!


Mas na hora o que saiu foi:


- Ha, tá!

- E você para de ficar mandando mensagem sem graça para ele.

- Como é o seu nome?

- ...

A mal amada desliga o telefone. Ela olha para mãe calma, como se nada tivesse acontecido e pensa, que venha o que vier!


Próximo!


terça-feira, 2 de março de 2010

CONSIDERAÇÕES NADA FINAIS

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Até que eu gostaria de escrever algo bem complexo aqui, muito embora existam inúmeros motivos - ah se não existem.

Tampouco este post tem a intenção de dar fim a alguma qualquer coisa.

Todavia, pretendo informar, aqui, que ganhei uma parceira de abstrações, poesias, carinhos e desabafos.

Ganhei uma querida amiga, e como gratidão, nada como abrir um lado de meu espaço para que esta também se faça presente com suas ricas peripécias hiper importantes.

Peripécias estas que fazem parte de um sistema extremamente fabuloso que insistimos em aperfeiçoar, entender, desafazer e reconstruir: a nossa própria vida. Sem contar, é claro, com infinitos outros elementos.

Pois bem, fico por aqui e dou as boas vindas a você querida Mafu!

Amplexos.

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