terça-feira, 28 de dezembro de 2010

QUE TEMPO É ESSE?

È tempo de encontrar,
È tempo de conhecer,
È tempo de curtir,
È tempo de beijar,
È tempo de sonhar,
È tempo de olhar pra si,
È tempo de olhar pro outro,
È tempo de se perceber,
È tempo de perceber outro

Tempo... Tempo... Tempo...
de querer bem,
de querer perto,
de querer dentro,
de sentir,
de entender,
de esquecer,
de renovar
afirmar e
reafirmar
que esse é o tempo,
o melhor tempo,
o único tempo.
E quem vai direcionar o ritmo e a intensidade desse tempo somos nós!

È tempo de querer ontem,
de querer hoje,
amanhã
e depois
e depois
e depois de depois ...

*Para a luizinha verde que ilumina um pedaço do meu céu.
02-02-2010

RAD-ARES

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não haveria nada mais puro
que aquelas palavras.

é quase cedo
é quase Sol.

Ele vai trazer a Ela
um recado, um recado daqueles
que vêm em garrafas no mar
daqueles que vêm no vento

fora, certa vez, pedido à Lua
mas quem o trará
é o Sol

que quer o Sol Dela?
pobre Lua, que de tão só
acostumou-se a ter
o seu próprio caminho

ninguém gira em torno Dela.
apenas Ela
a observar o mundo
ao Seu redor.

eis que um dia
não, não era dia
era quase dia
porque dia se faria
ao seu raiar, na chegada Dele.

pois eis que chegou o Sol
e, intrometido que é,
pôs-se a trazer recados
que somente dizem respeito
à Ela.

mas Ela, que generosa por demais
que muito sabe o que é ser só
entendeu que aquele recado
já lhe significava muito.

a Lua então fez-se Sol.
a Lua, embora esteja a Oeste
sabe que no Leste também há luz.

justo?
por que não podem
o Sol e a Lua
ser?

ao lembrar de tudo o que sentiu
Ela então aceitou.

Ela entendeu
que aquelas palavras
seriam para sempre
como as garrafas no mar.

em Seu coração
tudo o que Ela somente quer
é poder seguir
soltando palavras ao vento

Seu sonho: que todas elas retornem
e venham direto pro Seu mundo
só assim não ficará mais só.

.

Incandescente

.

quem é você
e o que me dizes?

de onde vieste?
e por que assim fazes?

----

não,
não é justo.
não justo haver alguém
como tu
de repente
e plenamente de repente.

não é justo envolveres o Sol
não é justo me permitires dizer
e me permitires ser
não é justo!

não é justo me permitires
mostrar o que sou e o que tenho
e me fazer soltar todos os meus sonhos...

e mais

não é justo que correspondas
e que mostres que tu és
o que sou.

não é justo
não é justo que me leias...

não é justo que sejas
e também que não sejas.

não posso aceitar-te desta forma
porque o que tu causas em mim
não deveria ser causado por ti

não assim
jamais assim
em sua forma
como agora tu estás.

não,
não posso.

não posso
porque é tudo o que quero.

quero permitir que me causes explosões
quero permitir pensar aonde podes mirar
permitir dizer-te o que me vem quando me vem.

quero.

quero tanto
que todos os dias o peço à Lua
peço que me permita...
que me permita vivê-lo
que me seja real
que me seja completo.
e que me seja,
apenas...


.

SOM

.

"aqui o pôr-do-sol
é mais bonito
o céu é bem azul
a chuva é mais doce
e as estrelas brilham.
aqui, meu coração pulsa."
 
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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Um espasmo literário

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Um espasmo da FELICIDADE
Por Diogo Borges


São tantos os medos que impedem de pensar o que é a FELICIDADE, seja de forma arbritária, extrovertida, orgulhosa, literária ou antropogênica. Mas o que me leva a escrever/ilustrar uma FELICIDADE? Seria uma gota de orvalho numa pétala de flor, sem tanta preocupação, que brilha tranquila e depois de leve oscila (TOM) ou querer a delícia de poder sentir as coisas mais simples (BANDEIRA). Por que me manifestar de forma poética e metafórica, complexar o que já complexo...? vamos eXculachar, xingar, ridicularizar, zuar, debochar e outros sinônimos que me levem nessa mesma energia.

Talvez a FELICIDADE seja um dos sentimentos mais imbéis (?) que o ser humano possa sentir. Se ri de tudo, mesmo que não faça sentido, que a piada seja a mais sem graça de todas, mas a forma que se vê/pensa/sente/escuta são indescritíveis. Apenas um sorriso no canto da boca, um brilhar no olhar, me diz que aquele infeliz está feliz.

LÁ LÁ LÁ LÁ LÁ... composição desarmoniosa, construção fonética de grande pobreza... E isso desencadeia um mover de corpos sincronizado, onde pernas não se confundem, onde a batida pertence à mesma do cardíaco, onde pés se encontram sem maior prudência... e ainda tem o pior... canto/encanto a tristeza com FELICIDADE. Tanto que, no acordar, essa sonoridade desperta a injuria de seres notados como conscientes, logo logo são contagiados ou repelidos por essa manifestação desconsertante.

Voltando aos meus argumentos hipotéticos, após um instantede espasmo... Talvez o sujeito que está no efeito da FELICIDADE, só será compreendido pelo sujeito que está no efeito da incompreensão. Como que é?! Também me confundi...! Ou será que isso pega? Para que não me torne mais imcompreensivo, cheguei numa incerta conclusão: “O feliz é igual a doido – apenas sorria, acene e corra o mais longe possível – irá te perseguir com suas construções fonéticas/desarmoniosas ritmadas até que atinja sua insanidade e que bata na palma da mão. Ou que responda com um riso o mais singular possível, sem limitar os extremos de sua face.

Portanto, ao encontrar um sujeito com o fenômeno FELICIDADE, siga as seguintes normais: 1) inveje-o 2) insulte-o 3)desvie o olhar.



PS: COLOQUE NO MODO SILENCIOSO, POIS SE FOR PERCEBIDO, TU SERÁS O PRÓXIMO A SER FELIZ.
 
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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A MAIS

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ei, você,
da pele morena
venha cá
me dê um afago
que juntos
podemos
um tanto assim
de tudo.


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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

NEM-UM

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(...) Estar fora da roda é não segurar nenhuma, não querer nada. Feito eu: não seguro picas, não quero ninguém. Nem você. Quero não, boy. Se eu quiser, posso ter. Afinal, trata-se apenas de um cheque a menos no talão, mais barato que um par de sapatos. Mas eu quero mais é aquilo que não posso comprar. Nem é você que eu espero, já te falei. Aquele um vai entrar um dia talvez por essa mesma porta, sem avisar. Diferente dessa gente toda vestida de preto, com cabelo arrepiadinho. Se quiser eu piro, e imagino ele de capa de gabardine, chapéu molhado, barba de dois dias, cigarro no canto da boca, bem noir. Mas isso é filme, ele não. Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, enconstar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo. É por ele que eu venho aqui, boy, quase toda noite. Não por você, por outros como você. Pra ele, me guardo. Ria de mim, mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo todo procuro O Verdadeiro Amor. Cuidado comigo: um dia encontro.

(...)


Caio Fernando Abreu - Dama da Noite.

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Part-ida

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#1

Ela era bem pequena, devia ter algumas poucas voltas em torno do sol. Devia ter visto algumas primaveras, apenas. Mas já tinha de personalidade um bocado. Até sua mãe dizia "Você sempre foi muito é atrevida...", com um tom bem risonho.

Eis que seu pai, com um caloroso amor, profundo sentimento pela criança, pela vontade de dar-lhe o melhor. O melhor de tudo. Desde o mais abstrato, até o concreto mais valioso. Sempre fez o que podia, e o que não podia, até mesmo suportar suas malcriações.

Eis que ele, com o mais perfeito sentimento do universo, encontrou uma boneca. Uma boneca que tinha cabeça de porcelana. E percebeu que aquela boneca deveria estar exatamente nas mãos de sua querida pequena. Tão logo ele a tomou, e a levou para casa, em palpitantes pulsações de emoção.

Sentindo que fazia o melhor, deu-a à sua menina, sentindo-se o super-herói, o melhor pai do mundo. Mas... Uma tragédia cômica acometeu aquele lar tão harmonioso. Ao chegar da rua, como dizem os mais antigos, encontra o pai sua filhinha amada divertindo-se enfurecidamente com seu novo presente: o que era de porcelana, tornou-se lembrança. Como toda criança, ela, ao adorar o brinquedo, levou-lhe ao chão com toda a convicção que se poderia ter, sentindo-se a mais poderosa também do universo, tal como sentira seu orgulhoso pai.

Eis que existia uma boneca, que já não tinha mais cabeça, que já não mais existia por completo. Eis que seu amoroso pai compreendeu: era uma boneca de porcelana, e ela, um bebê que ainda iria crescer e entender que na vida existem brinquedos e brinquedos.

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#2

Bateu-lhe a porta de forma estranha. Disse que precisava de abrigo. E não se demorou nem o suficiente pra gravar-lhe a fronte. Apenas acertou tudo e foi-se, como quem pede uma informação no ponto de ônibus e de repente já está do outro lado da rua tomando outro ônibus.

Bateu-lhe novamente, desta vez com a mala e a cuia. Até acostumarem-se com a convivência e compreenderem-se mutuamente. Até que batem-lhe a porta, e ela também surge à procura de abrigo. Logo, tão logo, surge uma nova residência, um novo lar, uma nova família.

E está criado o laço. Agora já se enxergam, já se compartilham, já se sentem.


(...)

"Daniel e Luciana,

Em espanhol 'hogar' (lar) vem de 'hoguera' (fogueira) já que era em volta da fogueira que as pessoas pertencentes às antigas tribos se reuniam.

Aqui, em São Paulo, esse lugarzinho se tornou minha fogueira, meu lar, e vocês as pessoas que fazem parte da minha tribo (família!?) e que sou muito grato por tê-los.

Adiós, qualquer dia eu bato nessa porta de novo.

Michell, 05/10/10"

Após a retomada de fôlego, contrapartiram-se:

"Michell,


O brilho da fogueira nos chegou nesta madrugada, quando casualmente eu arrumava a mesa do centro. Suas palavras gentis haviam se escondido e essa ausência por esses séculos todos desde que você partiu, nos fez partilhar ligeiras más impressões a seu respeito. Sim, dizíamos (que ironia!) de sua insensibilidade exatamente por não nos deixar uma carta como a que ora lemos. Marcelo e Jordana também estavam na ocasião do achado do tesouro e isso foi tema por algum tempo. Sofremos, pois, agora do remorso comum a essas situações: a acusação a inocentes. A carta foi acolhida com muito encanto e prazer.

Esperamos que você esteja bem, muito bem, mas que não deixe de sentir uma pontinha de saudade dos que aqui, desta tribo distante, pensam em você.

Grandessíssimo abraço carinhoso,

Daniel/Luciana

P.S.: "How many roads must man walk down before you call him a man..." (Bob Dylan)".

 
(...)


"Daniel e Luciana,
Pois é, a mesa de centro escondia a carta!
Mesa de centro que sempre se fez silenciosa durante nossas partilhas
guardadas na madrugada.
Mesa de centro que está ao centro!
Mesa de centro de madeira!
Dura e muda.
Mesa de centro que se fez fogueira!

Tenham certeza que todos estão em lembranças que se fazem saudades
dentro de um cara insensivelmente sensível.

"Há braços" para todos!


A luz de uma fogueira,
Michell"

(...)


Um candieiro envolve esse lar, cheio de misticismo, de sonhos, de papos intelectuais, de sentimentos, e de todo o infinito. E assim entende-se que ser um ser humano, é ser humano.


 
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#3

Num dia de chuva
Com sentimentos aflorados
Elas três saem
Após pensarem o mundo
De dentro e de fora
Saem pelo mundo afora
E se encontram
As três
Em comum sentimento.

Neste momento
Afloram
Todos os sentimentos
Devassos e puros
E sentem
E,
Ao som do mundo
Ao gosto de sorvete
De pétalas de rosa
Brindam
À vida que está por vir
Ao que querem
E ao tão infinito
Quanto ele mesmo.

O próprio amor.


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#4

Em uma tribo distante
Há pessoas que acreditam
Que quando a gente morre
Vira espírito
E,
Após enfrentar grandiosos obstáculos
Em sua jornada
Mesmo em morte
Pois, ainda assim, o caminho distante
É intemperizado,
Lá,
Logo lá na frente
A gente encontra
Bem lá na frente
O arco-íris.

E,
Na certeza da paz
Em morte
E do descanso para todo ó além
A gente atravessa-o
Lá,
Onde a gente encontra
O arco-íris.

(...)

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terça-feira, 17 de agosto de 2010

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eu só queria te contar
que eu fui lá fora
e vi dois sóis num dia
e a vida que ardia
sem explicação

não tem...



¹ (N. R.)

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domingo, 15 de agosto de 2010

Inteireza

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teu olhar
me perfura.

ouço músicas lá fora
mas só tu me vens.

à noite há silêncio
e está frio;
muito frio.

queria-te a me aquecer.

meu coração
assim como o vento
está infernalmente gélido.

teu olhar perfurante
aquecería-me
tal como outrora o fizeste.

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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Que há;

.

Algo me acontece
E eu não percebi.

Melhor: percebi e ignorei.

Onde andarão meus poemas melosos de amor?

Que fazem os sentimentos perdidos no meu espaço incompreendido?

Que tenho feito?

Que tenho buscado?

Eis que o vejo.
Ele.
Outro ele?
Sim.

Outro ele, porque assim como ele, infinitos eles existem.

Existe o ele mar. Existe o ele Sol.
Existe o ele tempo, e existe o ele fogo.

Existe o ele espaço, existe o ele infinito.

Existem os eles que dispenso.

E todos eles me enxergam; porém nem todos.

Perdi o senso, a sensibilidade;
Deixei escapar a dor e a tristeza;
Deixei partir o incrível e o absurdo;
Perdi a ternura de sentir o vento.

Perdi? Ora ora. Creio que não definitivamente.

Não sei o que houve, porque houve muito e eu não vi.

Mas acho que senti, porque tudo me fez o que digo agora.

E tudo o que digo vem de um infinito extremamente particular,
mas que se abre espontaneamente a qualquer um que o toque;
como naquelas plantas que não sei o nome.

Droga, errei de novo.

Elas não se abrem ao serem tocadas.
Ao contrário, contraem-se como um bebê
que acabara de nascer e tem medo de tudo o que é externo,
embora o externo lhe provoque o interno desconhecido.

Deus. Que faço aqui?

Eu o descobri, era noite de lua cheia,
como em todas as noites enluaradamente cheias
que me provocam tais sentimentos desconexos.

Não, não me refiro à Teologia não.

Não encontrei nenhuma religiosidade não.

Eu apenas descobri uma coisa.
Descobri várias coisas, mas não consigo decifrá-las
em meio às sensações que elas me causam.

Afago. E um carinho na fronte.
Uma lua cheia, o caminho inteiro à frente,
morros e mares bem depois dos mares de morros.

Ahh, como é bom sentir esse ardidozinho na linha central de meu ser.

Essa sensação que não se descreve, que alguns chamam de catarse.

Pensei, pensei que a havia de vez perdido.

O mundo é um mundo estranho, que se se permitir, ele te engole.
Ele te devora. Ele te adentra, te viola e te inibe de tuas sensações.

Mas estou salva, pois estou sentindo!

Descobri! Descobri que posso resgatar o que achava que antes não sentia!

E descobri isso ao vê-lo.

Ora, por que crio definições exageradas de coisas que desconheço?

Ora, por quê?

Ele disse e não disse.
E tudo o que disse e que não disse me causa emoção.

Aqui eu crio uma nova forma,
aqui proponho meus pensamentos e sentimentos,
aqui pretendo dizer.

Tudo o que quero;
Quero sentir
Quero resgatar o que existiu
Quero viver o que virá
Quero que venha.

Quero buscar
Quero fazer
Quero dizer;

Quero viver.

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domingo, 27 de junho de 2010

Carinhosa-mente

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O sol já vai entrando
Vai deixando a claridade e a luz

Vou remando minha canoa
Lá pro poço do pesqueiro

Vou descendo rio abaixo
Numa canoa furada

Ô Beira Mar, adeus Dona
Adeus Riacho de Areia

Arriscando minha vida
Numa coisinha de nada

Adeus, adeus,
Boa viagem

Eu já vou m'embora
Eu morava no fundo d'água

Não sei quando eu voltarei
Eu sou canoeiro

Rio abaixo, rio acima
Tudo isso eu já andei

Eu não moro mais aqui

Um dia eu fui passear
O meu coração ficou
Quem morava dentro dele
Partiu, fechou, tirou a chave, levou

Beira mar, beira mar novo
Foi só eu é que cantei

Canário amarelo que sabe dobrar
Eu também sou canário
Eu também sei cantar

Levantei o bastão
Deixa a fita avoar

Vamos na mais pura macieza
Vamos na maior delicadeza

.

notas:
1. milton nascimento
2. consuelo de paula
3. (...)

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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Canto-ria

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não quero saber o que tu dizes
quero só escutar o som da viola
a toada do tambor
o chacoalho do pandeiro
pular noite adentro
e sambar com meu amor.

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sábado, 29 de maio de 2010

Cadente

.

Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade
está um pouco usado, meio calejado,
muito machucado e que teima
em alimentar sonhos, e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente
que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado,
coração que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu:
"não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
isso é que eu espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece,
e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida
que vive procurando relações
e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste
em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo
em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que,
abre sorrisos tão largos
que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado por quem
gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado
indicado apenas para quem
quer viver intensamente e,
contra indicado para os que apenas
pretendem passar pela vida
matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro
na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir, eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer
e se recusa a envelhecer".
Rifa-se um coração,
ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito
que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que,
ainda não foi adotado, provavelmente,
por se recusar a cultivar
ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário
a publicar seus segredos e, a ter a petulância
de se aventurar como poeta.

(autor desconhecido)

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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Saber o sabor

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Fogo que não para
De queimar o coração
Vontade de estar
Sem qualquer preocupação

Só pra ver o sol morrer atras do morro
Ver que sua ausência
Vai mudando a cor do céu
Perceber que a noite vai chegando

Quem disse que o tempo tem que ter utilidade
Tempo não é algo que se compra ou se produz
Está dentro de nós, da nossa vontade
Viver só vale a pena quando provoca saudade
De querer fazer de novo só porque é bom

(Refrão)
Sempre que puder
Vou querer saber o sabor
Do que é bom na vida
Ter prazer ou dor
Seja lá o prêmio que for
Eu vou querer saber o sabor

A simplicidade das coisas me seduz
O céu fica mais lindo quando falta luz
Inventar desenhos na forma de uma nuvem
Olhar a noite inteira a lua passear no ceu
Até não se dar conta que o tempo passou

Sempre que puder
Vou querer saber o sabor
Do que é bom na vida
Ter prazer ou dor
Seja lá o prêmio que for

(...)

Eu vou querer saber, sempre, sempre

(...)

(Biquini Cavadão)

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domingo, 18 de abril de 2010

Ser menina e ser mulher

.

(...)

Sei ser mulher e sei ser menina.

Sou uma mulher que pensa,
e uma menina que erra.

Sou uma mulher que briga,
e uma menina que brinca.

Sou uma mulher com desejos,
e uma menina cheia de sonhos.

Sou uma mulher com anseios,
e uma menina com pesadelos.

Sou uma mulher que luta
e não mede esforços para conseguir o que quer,
e uma menina que chora quando perde.

Sou uma mulher que sabe andar de salto,
e uma menina que adora ficar com pé no chão.

Sei odiar e perdoar,
sei viver, amar, conquistar
e abrir mão de tudo quando quero.

Sei falar no ouvido
e gritar pro mundo ouvir.

Sei ser tímida e também desinibida,
mas principalmente sei ser feliz
e lutar pelos meus sonhos.

Sou simplesmente eu mesma,
nas horas em que erro,
ou nas horas que acerto.

Sou (...) humana, imperfeita.

Também sinto frio, medo e insegurança.

Choro quando simplesmente quero chorar.

Eu sou assim (...),
Sou uma mistura de menina e mulher (...).

(...)
 
(adaptado, autor desconhecido).
 
 
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terça-feira, 13 de abril de 2010

RES A

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arap riugesnoc
òs ue ohnet ed rezaf
rop edno, aro siop.

adot adiv;
es è ohnos uem, oãtne...
oved rerroc sàrta èta o mif...
òs edneped ed mim e òs.

só.

.

AI SE SÊSSE...

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Se um dia nóis se gostasse
Se um dia nóis se queresse
Se nóis dois se empareasse
Se juntim nóis dois vivesse
Se juntim nóis dois morasse
Se juntim nóis dois drumisse
Se juntim nóis dois morresse
Se pro céu nóis assubisse
Mas porém se acontecesse de São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse lhe dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Távez que nóis dois ficasse
Távez que nóis dois caísse
E o céu furado arriasse
E as virgi toda fugisse.



Texto: Zé da Luz

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quinta-feira, 25 de março de 2010

Um pouco de Clarice...

Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas.

Clarice Lispector

sábado, 13 de março de 2010

O Ipê que virou poste,

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O Poste que virou árvore
Escrito por Confúcio Moura
Seg, 01 de Fevereiro de 2010 00:10


Minha cabeça está pegando fogo. Mas, também, com toda razão. É muita coisa que se vê e que não se consegue explicar. Nem gosto de ler muita coisa de filosofia.

Aí recaio mesmo ao fundo do poço. A cabeça sai fumaça. Explicar as razões da vida. A beleza como a expressão da verdade. A velhice, a harmonia, o amor, sorte, acontecimentos.

Por tudo isto que muitas vezes creio que a ignorância é oitavo sacramento. Por não existir o oitavo sacramento a ignorância deve ser boa, justamente, para não se esquentar a cabeça com explicações filosóficas e nem com os eventos chocantes. E a vida paira como ela é. Aí sim, vive-se em estado de natureza.

Quem liga computador de vez em quando, deve ter recebido uma mensagem viral chocante – um poste de luz que virou um pé de ipê florido. A imagem é chocante, quem a viu ficou mais ou menos aloprado por alguns segundos, só de imaginar o crime imperfeito – o de cortar o topo de um ipê adulto, ornamentando a rua e transformá-lo num mortificado poste.

O poste ressuscitado em Porto Velho correu o mundo. Veio a mim, pela primeira vez, de uma amiga que mora em Portugal. Nem imagino como deve ter varrido os céus e a terra pelas nuvens de iluminação da Internet. E Porto Velho com isso teve um glamour de uma cidade milagrosa. Quem sabe este poste florido não vire romaria de fé tal o milagre do seu renascimento?

O milagre aconteceu. A cidade encheu-se de glórias inesperadas, nem de longe nas promessas de campanhas, nem o Presidente, Governador ou Prefeito abordaram em 2004 o tema das usinas do Madeira, nem água e esgoto para todos, nem viadutos, habitações populares e tantas outras atividades empresarias tão sólidas.

As flores do ipê renascido moveram as montanhas das insensibilidades políticas de Brasília, para enxergarem mais longe, nas águas do Rio Madeira, o maná da energia elétrica de suas águas. O ipê moveu a montanha. Quem sabe que por indução, o fio de cobre, no corpo da árvore, produziu uma nova crença vegetal, forte demais capaz de expressar as vozes de todo o Estado. A flor do ipê foi também um grito.

Um brado retumbante na forma da flor amarela. A flor que virou voz.

A cidade continuaria a mesma. Aquela empurrada pelo seu vertiginoso crescimento natural e torta sumiria de vistas nas improvisações de bairros novos. Aflitos engoliriam seus gritos pela força do silêncio providencial.

E nada aconteceria se não fosse o milagre do poste de luz. Até as Caixas d'Águas ficaram na ansiosa expectação da perda das suas coroas de símbolo mágico da cidade de Porto Velho.

Fiquei remoendo este acontecimento fenomenal com imensa desconfiança. Como se sabe, hoje em dia, o computador também faz milagre a cada minuto. Como se fosse um ilusionista perfeito.

Os hackers invadem bancos, ganham senhas, entram no Pentágono, descobrem segredos de Estado, criam cenários, modificam outros. Apagam memórias. Acendem outras. Bem que o ipê poderia ser ilusão gráfica de computador. Uma montagem.

Não é o que aconteceu com o poste florido. Este ficou exposto na estação de suas flores para calar quaisquer suspeitas. O que quis dizer esta árvore ao seu algoz? Aquele que a decepou copa e galhos sem o menor remorso? E a deixou tombada como se morta estivesse?

E se foi, aparentemente transmutando a sua utilidade de viver para uma função secundária de um mero suporte de fios de cobre. Só sei dizer que a carga de energia era muito grande, a energia da vida, que as veias abertas fecharam-se de novo.

O movimento de sobe e desce da seiva rica persistiu. A ordem forte das raízes para suportar o peso da tragédia. O reordenamento e o aprendizado da casca para realizar fotossíntese. A reconexão dos eixos neurais da planta. O reaprendizado natural que o infortúnio ensina.

A fisioterapia da suave reabilitação. A redução do gasto de energia com a respiração. A árvore hibernou por algum tempo com sabedoria imensa. Tal qual o homem escravizado, submete-se ao duro trabalho, a nova ordem e as humilhações, sem jamais submeter-se completamente.

Com o ipê foi do mesmo jeito. Acomodou-se espertamente pra depois expressar com força máxima a sua arte.

E milagrosamente, com humilde bondade, deu flores ao homem. Com uma mensagem filosófica vasta e profunda, ou mesmo religiosamente cristã – a de dar a face direita a quem a esquerda esbofeteou.

Outra ainda – flores amarelas ao mundo. Ou quem sabe, o mesmo que registra a Bíblia – a vara de Arão que floresceu.

 
Disponível em: http://www.gazetaderondonia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=166:confucio-moura-o-poste-que-virou-arvore&catid=19:geral-colunistas
 
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DIZEM

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minha cabeça não pensa direito
agora.
mil vontades
e tudo em branco.
há um tempão
queria um yakisoba.
é dia internacional da mulher
[dizem].
hoje, em um ambiente
com uma música agradável
e com cara de poucos amigos
dei-o a mim de presente
antes do batuque.

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sexta-feira, 12 de março de 2010

Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...

(CoraCoralina)

segunda-feira, 8 de março de 2010

DIA DA MULHER DE TODO DIA

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Recebi por email de um amigo:


"(...) a poesia é feita para quem precisa delas (...)".



Mulheres são tecelãs,
Tecem sonhos com fios de lágrimas...
Mulheres são tecelãs,
Tecem vidas em suas barrigas
Com esperanças e alegrias infantis.
Mulheres são feiticeiras,
Inventam magias e encantamentos.
E atraem e cativam com um simples olhar.
Mulheres são meninas,
Acreditam em príncipes e finais felizes.
Mulheres são guerreiras,
Enfrentam a luta com galhardia.
E não esmorecem mesmo quando cansadas.
Mulheres são sabias.
Trazem em si toda a sabedoria do mundo
ao repartir entre os filhos, o pão, o carinho e o próprio tempo.
Mulheres são especiais.
Mulheres são seres próximos dos Deuses.
Mulheres são mães.
A mais perfeita tradução do mistério da eternidade da alma.
(Rita Licks)




MULHER


Para entender uma mulher
é preciso mais que deitar-se com ela…
Há de se ter mais sonhos e cartas na mesa
que se possa prever nossa vã pretensão…


Para possuir uma mulher
é preciso mais do que fazê-la sentir-se em êxtase
numa cama, em uma seda, com toda viril possibilidade… Há de se conseguir
fazê-la sorrir antes do próximo encontro


Para conhecer uma mulher, mais que em seu orgasmo, tem de ser mais que
amante perfeito…
Há de se ter o jeito certo ao sair, e
fazer da saudade e das lembranças, todo sorriso…


- O potente, o amante, o homem viril, são homens bons… bons homens de
abraços e passos firmes…
bons homens pra se contar histórias… Há, porém, o homem certo, de todo
instante: O de depois!


Para conquistar uma mulher,
mais que ser este amante, há de se querer o amanhã,
e depois do amor um silêncio de cumplicidade…
e mostrar que o que se quis é menor do que o que não se deve perder.


É esperar amanhecer, e nem lembrar do relógio ou café… Há que ser mulher,
por um triz e, então, ser feliz!


Para amar uma mulher, mais que entendê-la,
mais que conhecê-la, mais que possuí-la,
é preciso honrar a obra de Deus, e merecer um sorriso escondido, e também
ser possuído e, ainda assim, também ser viril…


Para amar uma mulher, mais que tentar conquistá-la,
há de ser conquistado… todo tomado e, com um pouco de sorte, também ser
amado!”


Carlos Drumond de Andrade

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sábado, 6 de março de 2010

HOJE DE MANHÃ


Hoje de manhã eu vi a
Morte, ela estava no cruzamento da Teodoro Sampaio com Fradique Coutinho. Naquele momento eu assisti ao encontro da Barbárie com a Pressa.

Hoje de manhã eu vi a pressa, correndo pela Fradique Coutinho no seu carro preto. Queria ultrapassar, queria avançar, mesmo que destruísse tudo que estava a sua frente; mesmo causando a sua própria destruição.

Hoje de manhã eu vi a Humanidade. Caminhava pela Teodoro tranqüila, atravessou a Fradique sem perceber que a Pressa estava chegando.

Hoje de manhã eu vi o Desespero, dentro do lotação, anunciado pelo grito de horror. As mãos dos passageiros que cobriam o rosto. O nervosismo que tomou conta do meu corpo. As minhas pernas, que tremiam. Meu coração acelerado. Da janela observei pessoas que corriam, queriam ajudar. Então, sentada no último banco, mesmo com medo, me levantei.

Hoje de manhã eu vi a Vida, indo embora. Ela se arrastava pelo chão, presente no sangue que manchava o branco da faixa de pedestres. Foi tão rápida! Deixou os seus pertences, celular no chão, a bolsa Louis Vuitton, colares, pulseiras, o dinheiro da carteira.

Hoje de manhã eu vi a Morte, quando aquela moça atravessou na faixa de pedestre e o homem atrasado no seu carro preto ultrapassou o farol vermelho. A pancada derrubou-a, o pescoço pendeu para trás, joelhos dobrados, olhos fechados, alguém falou, Ela morreu.

E, naquele momento, enxerguei a degradação dos valores humanos. Para alguns, a vida vale pouco ou quase nada. Enxerguei naquela moça as pessoas que lutam, sonham e atravessam todos os dias na faixa da Esperança. Mas que a pressa, a cobiça, imediatismo, a irresponsabilidade atropelam todos os dias na Rua do Respeito Pelo Ser humano.

Hoje de manhã eu chorei. Vi a moça morrer.
Enxerguei que dentro dela
tinha um pouco de mim.
Dentro dela tinha um
pouco de nós e
da nossa
Espe
ran
ça.


Mafuane Oliveira
12/09/08

quarta-feira, 3 de março de 2010

O Telefonema


- Alô

- Alô

- Quem tá falando?

- Com que você quer falar?

- Ligaram no meu celular desse número quero saber quem é?

- È Marisa. Não lembro de ter feito nenhuma ligação.

-Você conhece algum Denilson? – a burra responde empolgada:

- Conheço! Ele é o meu professor!

- ...

- Alô! Alô! Porque?

- Ah, tá bom!

- Quem é?

- ...


A ligação cai. Passado dois minutos o celular volta a tocar ela reconhece o número, no mínimo a esposa ciumenta do professor transtornada querendo mais explicações a respeito da mensagem que ela havia mandado na noite anterior. O conteúdo era tosco, uma coisa vaga sobre a beleza da lua e uma saudação sincera desejando boa noite. Típico de quem procura sarna para se coçar. Se soubesse que o traste era casado, talvez tivesse acrescentado na mensagem “ Boa noite para você e sua digníssima esposa”. Mas tem cabimento uma coisa dessas?


Desde que haviam começado as aulas, o sujeito esbanjava gentilezas, mandava mensagens, escrevia e-mails, chamava para sair, dizia que suas mãos eram lindas, todo aquele chaveco furado e troca de olhares que faz a mulherada inflar, e sufocar no próprio ego.


Ela se fazia de boba, mantinha um tom de seriedade, não correspondia. O cara era interessante além de tocar muito bem, era bonito, elegante, simpático, sorriso perfeito. Em contrapartida ela estava curtindo uma dor de cotovelo, e a esperança de reatar um romance que havia terminado, antes de começar. Vivia assim sempre sonhando e desejando o abstrato. Quando o assunto era amor, paixão, flerte, paquera, sua vista ficava ainda mais míope.


Quando parecia finalmente ter aprendido a lição e resolveu aproveitar as oportunidades que a vida oferece, disse para si mesma que venha o que vier! E que venha o professor!


Veio!


Ele, a ligação histérica, o balde de água fria, a raiva, a vergonha, a irritação, o medo de nunca ser feliz, a verdade, a mentira, as dúvidas, a TPM... E toda a puta que pariu!

Que diabos esta acontecendo com o mundo? O que há de errado com os homens? E comigo? Sou para-raio de problemas? Na Era do Descompromisso, como se não bastasse eu ter que pagar pelas minhas escolhas erradas, ilusões, sonhos e expectativas não correspondidas, ainda tenho que pagar pelas escolhas erradas dos outros?

Não sabia o que era pior atender ao telefonema e escutar as especulações e barbaridades da mulher “quase traída” ou fitar o olhar de reprovação de sua mãe que observava a cena e já havia sacado tudo...

Decidiu atender o celular, mais trabalho teria em explicar toda a história para sua mãe e isso seria extremamente constrangedor, pelo menos poderia fingir que não estava escutando e desligar na cara da sujeita. Mas acabou fazendo o contrário atendeu com toda a gentileza.


- Alô!

- Quem é?

- Com quem você quer falar?

- Aqui é a esposa do Denilson! – Ela pensou em dizer: que novidade, suspeitei desde o principio! Mas continuo escutando a voz irritada do outro lado dizer.

- Eu estou te ligando para avisar que ele tem esposa, viu?


Por um segundo ela quis responder:


- Escuta aqui minha filha, se ele é seu marido, problema seu! E que problema! Porque ele não parece ser casado, viiuuu? Tenho umas mensagens dele aqui no meu celular, e tenho uns e-mails dele me chamando para sair. Se você quiser eu te mostro! Vê se cria vergonha na sua cara e resolva as coisas com seu marido! Você que tem compromisso com ele, não eu! Não vem falar merda pra mim! Você já imaginou a quantidade de mulheres que você vai ter que ligar para avisar que ele é casado? Melhor conversar com ele e parar de encher meu saco!


Mas na hora o que saiu foi:


- Ha, tá!

- E você para de ficar mandando mensagem sem graça para ele.

- Como é o seu nome?

- ...

A mal amada desliga o telefone. Ela olha para mãe calma, como se nada tivesse acontecido e pensa, que venha o que vier!


Próximo!


terça-feira, 2 de março de 2010

CONSIDERAÇÕES NADA FINAIS

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Até que eu gostaria de escrever algo bem complexo aqui, muito embora existam inúmeros motivos - ah se não existem.

Tampouco este post tem a intenção de dar fim a alguma qualquer coisa.

Todavia, pretendo informar, aqui, que ganhei uma parceira de abstrações, poesias, carinhos e desabafos.

Ganhei uma querida amiga, e como gratidão, nada como abrir um lado de meu espaço para que esta também se faça presente com suas ricas peripécias hiper importantes.

Peripécias estas que fazem parte de um sistema extremamente fabuloso que insistimos em aperfeiçoar, entender, desafazer e reconstruir: a nossa própria vida. Sem contar, é claro, com infinitos outros elementos.

Pois bem, fico por aqui e dou as boas vindas a você querida Mafu!

Amplexos.

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

É ASSIM

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não sirvo.
é fato.
ou talvez àquele que não exista.

sempre chego no final da conversa
no final da festa
quando todos já encerraram as atividades
quando a banda está começando
a não fazer mais sucesso
quando a amizade já é longa
e todas as Copas passadas já foram vistas
regadas a muita cerveja.

nunca dá tempo
nunca dá.

sempre me informo dos últimos acontecimentos
por último.

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mas bem.
e outro mas bem.

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sambei e ri horrores
ontem.
isso é o que [me] importa.

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up!

;)

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Juro que não vai doer
Se um dia eu roubar
O seu anel de brilhantes
Afinal de contas dei meu coração
E você pôs na estante

Como um troféu
No meio da bugiganga
Você me deixou de tanga
Ai de mim que sou romântica!

Kiss me baby, kiss me baby, kiss me
Pena que você não me kiss
Não me suicidei por um triz
Ai de mim que sou assim!

Quando eu me sinto um pouco rejeitada
Me dá um nó na garganta
Choro até secar a alma de toda mágoa
Depois eu passo pra outra

Como mutante
No fundo sempre sozinho
Seguindo o meu caminho
Ai de mim que sou romântica!

Kiss baby, kiss me baby, kiss me
Pena que você não me kiss
Não me suicidei por um triz
Ai de mim que sou assim!

(r. l.)
 
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

apenas

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[o que]
me vem agora
é uma terrível sede
de viver

de viver
e de amor viver

de o mundo ver
e de sentir
de ver e sentir

de tocar
e todas as canções ouvir

de viver
e de amor
unicamente amor
viver.


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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Um manifesto, um simples manifesto.

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Preâmbulo: Caro(a) leitor(a), não veja o que aqui se segue escrito como uma única verdade absoluta. Isto é resultado de apenas uma expressão/explosão de sentimentos. E essa emoção passa, assim como um estado altíssimo de alegria e tristeza, ou como a própria uva, se desejar. Portanto, caríssimo(a), peço humildemente que leia, reflita se quiser, pense o que quiser, tire as conclusões que quiser, comente se quiser, mas - por obséquio - não tome como algo que irá se estender por toda a infinitude da eternidade, porque não, não irá, certo?

Primeiramente veja: não é um apelo. É um manifesto. E não é qualquer manifesto. E uma carta para todos. Todos eles. Mesmo que eu esteja muito, muito errada para alguns ou muitos. Para mim, é meu coração quem diz. E agora, neste exato momento, deixo a razão descansar, deixo ela pastar. Porque quem se dilacera, é meu coração.

Pois muito bem. Certa vez escrevi aqui, neste exato lugar, não o externo aonde me encontro, mas digo este no qual vos mostro minhas palavras com muitas e muitas pitadas de ingenuidade e revolta. Escrevi certa vez um belo texto, segundo aqueles que o leram, escrevi sobre "príncipes encantandos". E tudo o que eu disse ainda se segue junto a muita convicção até hoje.

Porém, "choques de realidade" existem. E neste exato instante me abstenho de qualquer afirmação concreta e cética sobre este assunto que eu porventura tenha manifestado - ao defender unicamente aquela visão, a do texto que coloquei outrora por aqui; Me rendo aos infortúnios pelos quais rondei; Me assumo em minha condição, e não. Não estou trazendo à tona nem uma gota de melodrama, absolutamente.

Todavia, disse. Disse tudo bem. Disse que não tinha problemas, e disse que quando um não quer, o outro simplesmente acata. Embora em se tratando de algo sólido não seja necessariamente assim; O diálogo ainda é a ferramenta mais ágil para processos semelhantes.

Digo aqui por estar sentindo. Por estar viva, por estar quente ainda pulsando, por estar.... Sim, quisera eu ter mais vocabulários - Algo que terei com o tempo.

Digo aqui a seguinte questão: É muito fácil resolver tudo de forma mais fácil.

O problema é quando fica difícil pr'aquele que teve que concordar. O problema é quando "a ficha cai". O problema é quando se olha toda a paisagem com as cores invertidas, como num negativo de fotografia. O problema é quando se torna um problema; Quando começa a doer, quando você se dá conta do tamanho da droga da ferida.

Mas bem, tenhamos este texto como um desabafo. Um desabafo necessário, repleto de elementos, repleto, repleto! Elementos internos e externos, porque todos, todas as pessoas possuem várias opiniões sobre isso, incluindo a mim.

Mas me refiro a este exato instante. Instante este em que sofro.

Inevitavelmente sofro, e mais uma vez, sofro.

Sofro por submeter-me ao pedido de guardar a emoção e o sentimento, de não poder dizer "Eu te amo", embora essas três palavras fossem desenvolvidas ao longo do tempo de forma crescente, ascendente.

Sofro por submeter-me à negação. Submeter-me ao não, ao fechado, ao não entra, ao não pode, ao não dá.

E digo muito mais. Digo que as mesmas palavras são emitidas como um coro à prestação, um coro que se dá em vozes subsequentes, uma atrás da outra, como um eco.. Não.. não.... não..... não..... Emitidas por sujeitos diferentes que agem de maneira extremamente semelhante.

E mais uma vez eu falo, não adianta. Não adianta ser o supra-sumo, a mulher maravilha, o ó do borogodó, a Gisele Bündchen, a Angelina Jolie, o cara.... Não adianta ser tudo - o que dizem que 'somos' - se agora, neste exato momento em que vos escrevo, estou apenas à companhia de meu deprimido coração. Não adianta ser foda e estar só. Não poder apertar, não poder abraçar, não poder olhar no olho antes de outro primeiro beijo, não poder cuidar nem dizer....

Claro, não esqueço das outras coisas que me consolam - no sentido puro da palavra, aos desavisados que pensarem besteiras, não falo de objetos que são adquiridos em sex shop ou algo gênero (muito embora eles também sejam úteis). Digo, minhas músicas, meus filmes, meus livros, meus anseios, meus sonhos, a minha e unicamente minha forma de ver o mundo e tratar os elementos que nele existem, e todas as outras coisas de que gosto - beleza, ser feliz por mim mesma eu realmente consigo.

Vês, percebe a contradição?

Não dá. E novamente utilizo este termo.

"Ah, mas e fulano que vc não quis?".

De fato, eu tive o direito de não querer... E agora têm o direito de não me querer.

E a pergunta???? Terei que viver assim o restante da vida?

Não tenho - eu - o direito de não querer um, e querer quem me diz que sou o rei da cocada preta e ao mesmo tempo diz que não pode estar aqui?

Não, definitivamente não.

Sim, eu disse "Tudo bem...". Eu disse, é claro que eu disse, e sempre irei dizer.

Mas não. Neste exato instante não está tudo bem, e isso é totalmente perdoável porque não seria normal se realmente continuasse ou estivesse tudo bem.

É o que sinto.

Por menos doloroso que se quisesse que fosse, ele o é.

E principalmente - a sempre 'vítima'. Não, não exija uma fortaleza de mim, pois sou um ser humano como qualquer alienígena que possa existir na poeira cósmica do universo.

Pois muito bem, aliviada me sinto ao dizer tudo isso. E mais uma vez não, não quero gerar polêmicas ou discussões infindáveis.

Em meu espaço, o digo. O digo da forma como quero, o digo da forma como o sinto.

E agora encerro este pequeno e humilde manifesto dizendo: MUITO OBRIGADA!

Muito obrigada por me proporcionarem tanto crescimento, muito obrigada por me ensinarem tanto. Mas acreditem, isso não me satisfaz.

"(...) Eu encontrei e quis duvidar, tanto clichê... deve não ser... Você me falou pr'eu não me preocupar... Ter fé e ver coragem no amor...".

É, são duas coisas que aqui faltam, por minha parte e por parte externa nesta mesma ordem: a) Encontrar; b) Coragem para amar.

Agradeço e aqui fico.

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