segunda-feira, 1 de junho de 2015

Dia dx geógrafx

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Há dez anos eu escolhi a Geografia como aquele caminho pelo qual eu seguiria por toda a vida. Caminho que eu só descobri como se andaria nele andando nele. Há dez anos eu passei a entender que sensibilidade com o mundo no qual estamos inseridos é muito mais importante do que meros "objetos de estudo". Foi esse campo do conhecimento que me trouxe tantas lentes de observação do mundo, e que me permite até hoje me enxergar como ser humano. A Geografia é linda. Existe amor na Geografia. E eu descobri que posso ser muito mais do que eu achava que podia, pois todos os limites da minha existência puderam ser rompidos até agora justamente porque decidi sair da minha zona de conforto e me lançar para o mundo. Tenho gratidão a tudo o que vivi até hoje por ter tido a coragem de escolher essa área de atuação. Sou afortunada por tudo o que sou hoje. Mas, mais ainda, a Geografia me permite entender que isso tudo não se encerra aqui, e para cada desafio concretizado, existem outros duzentos mais. E é de onde estou que eu me lanço. Viva a Geografia. Parabéns geógrafos, professores de Geografia e todos os profissionais que têm, de algum modo, na Geografia a sua forma de inserção enquanto ser humano nesse mundo.‪#‎29deMaioÉdiaDxGeógrafx‬

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Earthquake

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Na mesma semana eu assisti ao documentário "Sal da Terra" e ao filme "Terremoto". O primeiro traz a a história do grande fotógrafo Sebastião Salgado que, durante a maior parte de sua vida, dedicou-se a registrar vários povos, conflitos, culturas, situações precárias de trabalho, migrações forçadas, a morte na sua pior forma, na sua perversidade e crueldade. Também fotografou a vida, a natureza, as diversas espécies de animais e plantas, e os povos na sua essência da relação de seres humanos com a floresta, com a própria vida. O segundo, sendo uma produção hollywoodiana, com todos os seus exageros, sua seletividade social, racial, étnica, com o emprego de toda a ideologia estadunidense em cima de uma possível catástrofe que vitimiza um país que, na realidade, sabemos que é um dos responsáveis por tanta miséria, exploração e sofrimento no terceiro mundo, no Oriente Médio, na América Latina, também não deixa de "mostrar" efeitos de uma catástrofe ou um "desastre natural". Coloco alguns termos entre aspas porque ambos os filmes me fizeram pensar sobre nosso atual modo de vida. Me fazem pensar sobre o quanto é contraditório esse modo de vida e que, mesmo que nos sensibilizemos com tais imagens, não há nada a ser feito a não ser mudar tudo. Com as chocantes denúncias de Sebastião Salgado, através de suas fotografias, de guerras, do quanto o sistema do Capital destrói a humanidade, eu chorei. Chorei quase que como uma criança, com direito a bico. Com as cenas da destruição gigantesca e continental por um terremoto seguido de tsunami na região da Califórnia e da costa oeste dos EUA, e todos os incríveis exageros que uma produção de Hollywood pode conter, eu ri. Eu ri o filme inteiro. Toda a população morreu, menos a super família tradicional, branca de classe média cujo patriarca se utilizou de toda a estrutura do Estado para salvar. Porém, ambos possuem um ponto de convergência... Estamos fadados à morte. Por mais pessimista que possa parecer o meu posicionamento, penso que a vida humana precisa de mudanças estruturais. Quando eu falava de "fazermos a revolução" para meus alunos, não me referia a revoluções como as do século 17 ou 18 ou 19 ou 20. Mas é necessária uma outra revolução... Estrutural... Do modo de consumo... Do modo de produção... Do modo de vida... Do modo de se reconhecer enquanto ser humano num mundo que a gente mesmo está implodindo/explodindo. Sequer me refiro a correntes de "ecocapitalismo" porque para mim, na minha leitura, essa também não é a saída porque reforça o capitalismo predatório, imperialista, excludente, opressor, assassino de povos e nações.... Eu não sei qual é a saída. Apenas entendo que é preciso resistir e prosseguir, e uma "revolução" é necessária.

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