quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Que há;

.

Algo me acontece
E eu não percebi.

Melhor: percebi e ignorei.

Onde andarão meus poemas melosos de amor?

Que fazem os sentimentos perdidos no meu espaço incompreendido?

Que tenho feito?

Que tenho buscado?

Eis que o vejo.
Ele.
Outro ele?
Sim.

Outro ele, porque assim como ele, infinitos eles existem.

Existe o ele mar. Existe o ele Sol.
Existe o ele tempo, e existe o ele fogo.

Existe o ele espaço, existe o ele infinito.

Existem os eles que dispenso.

E todos eles me enxergam; porém nem todos.

Perdi o senso, a sensibilidade;
Deixei escapar a dor e a tristeza;
Deixei partir o incrível e o absurdo;
Perdi a ternura de sentir o vento.

Perdi? Ora ora. Creio que não definitivamente.

Não sei o que houve, porque houve muito e eu não vi.

Mas acho que senti, porque tudo me fez o que digo agora.

E tudo o que digo vem de um infinito extremamente particular,
mas que se abre espontaneamente a qualquer um que o toque;
como naquelas plantas que não sei o nome.

Droga, errei de novo.

Elas não se abrem ao serem tocadas.
Ao contrário, contraem-se como um bebê
que acabara de nascer e tem medo de tudo o que é externo,
embora o externo lhe provoque o interno desconhecido.

Deus. Que faço aqui?

Eu o descobri, era noite de lua cheia,
como em todas as noites enluaradamente cheias
que me provocam tais sentimentos desconexos.

Não, não me refiro à Teologia não.

Não encontrei nenhuma religiosidade não.

Eu apenas descobri uma coisa.
Descobri várias coisas, mas não consigo decifrá-las
em meio às sensações que elas me causam.

Afago. E um carinho na fronte.
Uma lua cheia, o caminho inteiro à frente,
morros e mares bem depois dos mares de morros.

Ahh, como é bom sentir esse ardidozinho na linha central de meu ser.

Essa sensação que não se descreve, que alguns chamam de catarse.

Pensei, pensei que a havia de vez perdido.

O mundo é um mundo estranho, que se se permitir, ele te engole.
Ele te devora. Ele te adentra, te viola e te inibe de tuas sensações.

Mas estou salva, pois estou sentindo!

Descobri! Descobri que posso resgatar o que achava que antes não sentia!

E descobri isso ao vê-lo.

Ora, por que crio definições exageradas de coisas que desconheço?

Ora, por quê?

Ele disse e não disse.
E tudo o que disse e que não disse me causa emoção.

Aqui eu crio uma nova forma,
aqui proponho meus pensamentos e sentimentos,
aqui pretendo dizer.

Tudo o que quero;
Quero sentir
Quero resgatar o que existiu
Quero viver o que virá
Quero que venha.

Quero buscar
Quero fazer
Quero dizer;

Quero viver.

.

Nenhum comentário: