quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Enfim, cá estou

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60 dias de Paris. De fato, a baguete é algo interessante, no mínimo.
Nesses dias eu fui a um "petit dîner" com alguns colegas franceses. Perguntei sobre o que eles precisavam e então disseram que era para eu levar algo para "manger ou boire".
Mas era feriado. Por sorte, o supermercado do lado de casa estava aberto. Mas já era início da noite, faltava pouco para o horário do "petit rendez-vous", e eu pensando sobre o que eu levaria. E me veio à luz a brilhante ideia: vou levar uma baguete. Todo mundo come, nunca sobra, e custa somente 0,59 centavos.
Pois, foi natural: como na maioria dos botecos, pubs, bares e restaurantes parisienses, a tábua de frios é composta por queijos, presuntos defumados de todos os tipos, salames, mais queijos, e uma variedade de patês completamente desconhecida para mim.
Fui ao "supermarché", direto na bagueta. Passei na outra sessão e apanhei uns queijinhos em cubos. Passei em frente a uma coluna com uns patês e vi lá o "pâté au canard", por 1,58. Tipo isso. Catei tudo e fui-me embora pra p'tit baladinha. Eis que chego, a minha anfitriã pega a baguete logo após me cumprimentar e enquanto falo com os demais da reuniãozinha, lá vem a moça com um pratinho cheio daquelas rodelinhas de pão.
Tinha um monte de coisa na mesa. Um monte de comida. Eu levei um suco, mas definitivamente entendi que o vinho é a bebida mais comum. Até antes de eu ir embora, o pão foi o primeiro a quase acabar.
Bem, essa é uma observação boba, mas que, para se compreender uma nova cultura, ela está cheia de pleno significado.
Aqui eu já consigo entender tudo o que todos dizem, e tudo o que leio. Falar ainda é o grande problema. Mas, como uma ex-professora de francês, e nativa daqui, disse para mim: Saia da toca e aprenda com a vida. Você não precisa muito mais do que isso.
En fait, algumas expressões são belíssimas:
- Je vous en prie;
- Bonne journée;
- Bon courage.
A ideia de que franceses são estúpidos, arrogantes, grosseiros e mesquinhos se desconstruiu totalmente para mim. Até o presente, todos os meus esforços em me integrar à cultura local têm sido totalmente reconhecidos. De modo extremamente natural. Por todos os franceses com quem me deparei até o momento. Simpatia, inclusive, tenho encontrado aos montes.
Outra observação: em Paris o tempo é extremamente lento. Existe hora para tudo. Absolutamente tudo está no seu devido lugar, e horário. Mas esse mesmo tempo passa. E passa MUITO rápido. Porque o tempo é composto por tarefas cotidianas organizadas, então cada hora é para uma coisa, e, com isso, não há, digamos, tempo que divague...
Os dias mais curtos e as noites mais longas de outono e inverno também contribuem com essa sensação de que tudo passa mais rápido.
Paris é uma metrópole. Mas a tradução de cidade para o francês é ville. E é exatamente isso: Paris é uma vila. Uma cidade pequena com uma estrutura gigantesca de uma metrópole. É uma vila daquelas pequenas, charmosas, esbeltas, em que você cumprimenta o padeiro do centro ao bairro.
Engraçado que em 60 dias aqui, já me dei de cara com as mesmas pessoas no metrô, no mesmo horário de expediente. Pessoas que não conheço, óbvio, mas que saem para a sua journée no mesmo horário que eu e pegam a mesma linha.
Eu sinto saudade, muita saudade de casa. Mandei postais para os mais próximos e meu coração bateu tão, mas tão forte de alegria quando fui recebendo as mensagens dessas pessoas sobre o recebimento das cartinhas. Me disseram "Lu, obrigada por se lembrar da gente", ou então "Lu, obrigada pelo gesto. Muito lindo da sua parte". E é isso: o carinho, o cuidado.
Isso faz com que eu me sinta ainda mais forte.
Não é fácil. Não é nada fácil ficar longe do namorado, dos pais, do irmão, dos familiares e amigos, do calor, da casa, da comida, do aconchego. Dá vontade de chorar de saudade todos os dias. Andando na rua, vendo tanto lugar lindo, com tanta vontade de virar pra mãe e falar: olha só que coisa mais linda... Ou então de ver aquela paisagem deslumbrante e dar aquele abraço forte no namorado, dar aquele beijo, ou então pular no mano pra tirar aquela foto. Dá vontade de chorar quando penso nisso.
Por outro lado, essas pequenas percepções do cotidiano me mostram o quanto uma experiência como essa que estou tendo é válida. Isso de conhecer o outro, de apreender o novo cotidiano, de tocar a cultura nova para você com cuidado, com atenção, de absorver naturalmente, de perceber de repente que você está imerso, isso é algo que não tem como descrever. Não tem preço também não.
Por isso eu sou grata. Eu fico fadigada, cansada, com dificuldades em me locomover por causa do frio, por causa do idioma... Mas a cada dia vencido, para mim, é um ganho, é um dia a mais no meu histórico de experiências, e um dia a menos para a volta, quando vou contar e recontar essas histórias para os que estão perto.

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Sobre o ENEM de 2015.

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O ENEM de 2015 mostrou que é possível extrapolar em nível educacional brasileiro (pouco mais que 7 milhões e meio de candidatos realizaram a prova) um assunto mais que urgente para o cotidiano brasileiro: a violência contra as mulheres.
Para além do feminismo, é preciso lembrar que a educação brasileira, com acesso a temas de profundidade acadêmica, com debates exaustivos e autores/escritores renomados das ciências humanas, é, ainda, majoritariamente e quase que exclusivamente elitista. Ainda bem que .
Para além do feminismo, a prova também conteve outras questões do cotidiano coletivo e popular, que são igualmente rechaçadas, discriminadas e criminalizadas pelas elites conservadoras.
Assim, o que que vimos acontecer nesse final de semana pode nos servir como um termômetro, e como um incentivo para avançarmos mais e mais no caminho de uma revolução educacional no país.
Eu estou morrendo de vontade de retornar às salas de aula como professora. Essa experiência em minha vida foi curta, mas me mostrou o poder transformador de um processo educacional de qualidade... Não falo pelas instituições, falo pelos profissionais com quem eu convivi e pela profissional que eu me esforcei para ser. Quando me refiro à , estou falando à superação do nível do debate em um ambiente extremamente hostil, com alunos (crianças e adultos) que levam às vezes três ou quatro horas para chegarem ali, nessa mesma sala de aula.
Eu estou realmente feliz, mas é apenas um raio de luz no meio de um mundo obscurecido pela opressão e pela exclusão dos mais pobres.
Lembro-me sempre de vários debates e conversas com amigos em relação ao trabalho de base. E é esse o ponto: trabalho de base...
Espero que no ENEM de 2016 o resultado possa ser ainda mais positivo, que as salas de aula sejam refletidas tanto na formulação de questões que não são "de esquerda", mas de urgente discussão no país, e no desempenho de alunos (adolescentes, adultos e idosos), que batalharam, como toda a classe trabalhadora e pobre batalha cotidianamente.
Em tempos de escolas
sendo fechadas no estado mais rico do país, de salas de aulas tomadas pela violência e pela falta de respeito mutuo na convivência, de currículos cada vez mais conservadores, de cronogramas inexequíveis e atividades sem qualquer justificativa pedagógica ou didática que servem somente para cumprir metas e mais metas absurdas, eu comemoro o acontecido no último fim de semana.

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Sobre a vida em Paris.

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O primeiro mês de Paris chega-se ao fim. Como passa. Já consigo perceber que o frio não é algo tão assustador assim, e que é possível andar de shortinho com uma temperatura de 2º. Já consigo me dar conta que sou capaz de muitas coisas, inclusive abrir uma conta num banco local falando somente francês e sozinha. Também já posso entender que se algo não foi resolvido hoje, eu não preciso me desesperar: Existe um dia, um local e um horário agendado e nada mais pode ser feito além de esperar. Aliás, sim, muita coisa pode ser feita enquanto espero: Percebi que posso passear à vontade, embora o tempo da metrópole seja acelerado, embora o custo de vida seja alto, mas há liberdade; Liberdade para andar, pois, com exceção dos compromissos agendados e incanceláveis, eu posso cronometrar o meu próprio tempo, slow down, devagar, com calma. Sim, já posso me acalmar. O tempo agora é de outono, de andar mais lento, de sentir o vento gelado no rosto sem se preocupar com o que vem após. E de adentrar as ruas depois de já se ter estudado os mapas, os trajetos e as rotas. Agora já posso, agora já estou firme.

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Sobre um Rio que passou.

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Há um ano eu parti para desbravar o desconhecido. Fui em busca de novidades, outros espaços-tempo, fui pro mundo. Comecei pelo Rio de Janeiro... Conheci pessoas incríveis e fantásticas... Foi nesse universo maluco e incrivelmente belo que pude compreender novas perspectivas dessa nossa vida cotidiana. Olhar para trás e ver o quanto andei de lá para cá também me faz ver que, se o mundo é grande ou pequeno, depende. E antes de tudo depende do nosso coração. Aprendi durante toda a minha juventude (que ainda não acabou, embora os trinta já estejam batendo na porta, que é preciso viver uma vida sem arrependimentos. Há um ano eu saí de São Paulo para conhecer a linha do horizonte, saber o que tem lá, entender o que ela pode me dar e o que eu também posso mostrar a ela. Eu estou feliz nos caminhos que esolhi, muitos de acordo com o vento. Estou feliz com as amizades que fiz, estou feliz porque encontrei o amor em suas diversas formas. Há um ano eu caí no mundo - de novo, de outro jeito, com outros olhares, com novos cotidianos, pois a primeira vez que caí no mundo foi quando me mudei para São Paulo, em 2009. Caí no mundo e não tenho nenhum arrependimento. Só aprendizados e vivências incrivelmente difíceis de qualificar justamente por serem tão incríveis.

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Sobre o Outono.

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Começou o outono no hemisfério Norte. E é daquele jeitinho que a gente vê nos filmes: As folhinhas amarelas e secas voando pelo céu e enchendo as praças embaixo das suas árvores... Aquelas árvores todas marrons, amarelas, avermelhadas, em várias tonalidades diferentes... A amplitude térmica faz com que o ar fique mais seco, e, por isso, o céu fica bem azul, sem nuvens... O sol deixa os prédios e as árvores com um tom de dourado que só é possível nessa época do ano. E a noite fica linda... Não vi estrelas provavelmente porque estou na cidade. Mas a Lua fica incrivelmente bela. Mas o Sol é que rouba a cena. E as árvores. E as folhas secas amareladas... É bonito. Estou me vendo fazer as pazes com o Outono (em São Paulo essa é a pior estação, pelo menos para mim, justamente por causa da alternância de temperaturas, da incidência de inversões térmicas, pelas doenças respiratórias, pela concentração da poluição urbana). Nas praças as pessoas parecem meditar... Praças e parques lotados de pessoas, mas a maioria em silêncio, falando baixo, contemplando, meditando, observando, descansando, tomando Sol. O silêncio... O silêncio me parece gritar nessa estação... É bonito. Pode soar melancólico, mas é bonito.

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Sobre o meu nome.

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Talvez poucos aqui saibam, mas meu nome completo é Luciana Riça Mourão Borges. O Mourão do meu nome vem do meu avô materno, que era filho de libaneses refugiados no Brasil. Eu, igual a todos os brasileiros da minha geração (pelo menos), sou filha-neta-bisneta-sobrinha-prima-parente de índio, preto, europeu, oriental. Mas bem, aquela imagem do menininho sírio chocou a todos. E também me chocou. Mas me choca todos os dias os vários migrantes refugiados no Brasil, ou os vários migrantes intrarregiões refugiados por quaisquer motivos em uma região do próprio país que não é a sua de nascença. Eu sou filha de migrante: meu pai saiu de Goiânia para desbravar o Novo Eldorado amazônico na década de 1980. Meus bisavós, pais do meu avô materno, eram migrantes libaneses refugiados no Brasil por causa dos conflitos da segunda guerra mundial. O pai da minha avó materna era português. Veio desbravar a Amazônia. Os pais do meu pai também são migrantes: Fizeram o clássico trajeto do campo para a cidade nos idos de Goiás. E eu, virei migrante quase que de nascença: Foi em Goiânia que eu vi pela primeira vez a luz desse mundo. Cresci em Rondônia, terra da minha mãe, minha avó, meus irmãos, meus tios. Terra adotada pelo meu pai. Aos 22 anos me mudei para São Paulo, aonde vivo há seis anos. E agora estou aqui, em terras europeias, tentando me reconhecer no meio desse mundo. Vim parar na França, um dos maiores países colonizadores, etnocidas e imperialistas, opressores das nações pobres. Vim parar aqui no momento em que as migrações de refugiados está em todas as capas dos maiores jornais do mundo. Vim parar em um bairro aonde há gente migrante de todo o canto desse mesmo mundo. Inclusive libaneses. E sírios. Essa gente quer ir para a Europa. Mas no Brasil há tantos e tantos deles, há muito tempo. Pois que entre tantas andanças por esse mundo, faço, nesse momento de autorreconhecimento, a alusão à minha parte que se identifica com esse povo que está em busca também do seu lugar ao Sol. Muito prazer, agora o meu Mourão está com essa gente.

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Carinho de vó.

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Vó, carinho de vó. Ela sempre cuidou de mim como a netinha-filha dela. Me ensinou a cozinhar, a costurar, a fazer crochê. Me ensinou a tirar as manchas que ficam debaixo da manga da blusa. Me ensinou a cuidar da casa... Minha maior alegria do ano era quando chegavam as férias e nós pegávamos o carro para cairmos na estrada. Íamos para lá. A pamonhada era a mais esperada, e sempre tinha que ter o milho refogado - minha comida predileta. No almoço, era a galinhada. Mas o que reunia todos os parentes mesmo eram os aniversários e a festa da pamonha. E haja pamonha. Sempre eu deitava no colo dela à noite no sofá. Quando eu era "mais pequena", como ela dizia, eu dormia no meio dela e do meu avô. Eu era o xodó dela. E ela o meu. Mas o Alzheimer, esse alemão cruel, fez com que ela se esquecesse de mim. Quer dizer, não em seu coração... Porque sempre quando ela me reencontrava, falava o mesmo "ôôô fia....", de quando eu era "mais pequena". Eu adorava ouvir aquela voz baixinha contando histórias da vida dela, dos irmãos, dos seus pais, das suas dezenas de sobrinhos. A "tia" Dina era muito amada, muito. Por todos!!! Ah, eu também não posso deixar de me lembrar das caminhadas de fim de tarde na praça... Puxa vida... Os primeiros dois meses da minha vida foram na casa dela, com ela cuidando de mim e ajudando a minha mãezinha, de primeira viagem... Quando eu nasci, minha mãe tinha a mesma idade que tenho hoje... E foi essa avó que nos acolheu em sua casa... Depois da minha mãe, ela é a minha segunda referência materna... Ela é. Ela pode ter se esquecido de mim, mas nunca irei me esquecer dela. Vó, perdão por ter ficado tão longe por tanto tempo.... Eu desejo no meu coração que a senhora descanse, e que encontre no universo o caminho do retorno. Eu desejo no meu coração que a senhora nunca fique longe da gente. Eu te amo!

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Chegando na Parrí.

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Sobrevivi à primeira semana. Ja sei dizer "uêi" ao invés do mecânico "uí", "ôrrvuá" ao invés do "aôrrevoá", já falo "marci" e "bonjur" para os vizinhos no elevador, e também consegui fazer compras na feira. Inclusive a feira talvez seja um dos melhores momentos de estudo da cultura local. O bairro aonde estou morando é composto por migrantes de diversos países africanos colonizados pela França, países do sul e do leste europeu. Muita gente do oriente médio também. Já sonho, penso e formulo frases na minha cabeça em francês. Foi uma semana "batalhosa" (acabei de inventar essa palavra). Mas sobrevivi. Ainda estou na comida oriental e árabe, por enquanto. E aos pouquinhos vou me adaptando, aprendendo e vendo a cada dia que eu posso ir um pouco mais adiante. Eu sou e serei para sempre grata a todas as forças do universo por terem colocado a Telma Costa Rodrigues no meu caminho. Você é um anjo cheio de alegria que está colorindo os dias cinzas e frios de Paris. Gratidão, muita gratidão. Por enquanto, eh isso. :) A saudade está demais, mas logo vai passar e voltarei com muitas histórias, vivências, experiências e relatos para contar.

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Ainda sobre o tempo.

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Ainda sobre o tempo, esse troço é um negócio muito louco... É o que tenho para agora... O tempo é uma viagem. É um sonhar acordado... Um dormir e pronto, acordei de novo. E é assim que vai ser: um ano em um dia. Um dia que vai durar um ano. Uma vida inteira vai ser vivida, e, de repente, ja serão três anos que esse um ano existiu. Já tem seis meses que voltei do Rio. Já tem um ano que fui para lá. Já tem três anos que meu irmão embarcava, igual como farei daqui a algumas horas. Três anos tem que me tornei "mestra em ciências". Seis anos tem que parti da minha terra, e, de repente, só tenho mais dois anos para encerrar essa missão a qual me lancei aqui. E daqui a pouco... Bom.. Daqui a pouco eu vou estar lembrando disso tudo de novo, somando as datas seguintes que se passaram há tantos outros anos. E é assim que me despeço dos meus amigos e parentes, os que vi e que não vi, os que não verei mais... Me despeço desculpando-me por não avisar que já vou hoje, por não ter sido capaz de responder a todas as mensagens em tempo, deixar só um "visualizado" porque eu estava numa maratona alucinada para que o dia de hoje se concretizasse... Eu peço desculpas pela minha ausência e por não conseguir abraçar todos. Meu coração está bem apertado. Quem me conhece de perto sabe o quanto priorizar a vida acadêmica pesa para mim em relação à minha vida afetiva. Mas também sabemos que todos os esforços que empreendemos enquanto somos jovens consiste num ideal de vida muito maior. Eu vou, vou morrer de saudade... Vou chorar muitas vezes. Mas também vou me sentir feliz, orgulhosa de mim e do caminho que escolhi. Vou aprender muito e amadurecer um pouquinho mais essa menina cheia de sonhos e bem medrosa do mundo que quer tornar-se uma mulher grandiosa. Eu vou lá, mas eu já volto. Vai passar rápido. Até mesmo para quem espera. Pai, mãe, irmão, amor, os parente e os amigue tudo: Obrigada e péra que eu já chego. Péra dois minutos. Já já eu venho.

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Sobre o cotidiano.

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A batalha é cotidiana. A vida é breve mas a existência é infinita. Para o amor, para o ser, para o universo... A vida é muito, é mais, mas voa. Por isso é preciso buscar o essencial... Que aos olhos é invisível. Por isso só se vive plenamente se esses forem os olhos do coração. Este é o mais importante...

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Sobre o sofrimento.

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Dos quatro sofrimentos (nascimento, velhice, doença e morte), conforme a doutrina budista, que assolam a existência humana, a doença talvez, talvez, seja a mais cruel... Talvez, porém, não haja hierarquia, talvez o peso seja diferenciado e respectivo para cada situação vivida. Mas nesse momento, a doença pesa de um modo cruel. É doloroso tanto com a gente, quanto com quem a gente ama e não quer perder, assim é dolorosa a enfermidade do corpo. Mas como bem disse Nitiren Daishonin, o carma poderá ser transformado se não nessa, na próxima existência sem dúvida nenhuma. Basta compreender que a natureza do ser humano consiste na transformação desses sofrimentos com base na fé.

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